Morte, minha Senhora Dona Morte,
Lânguido e doce, como um doce laço
E, como uma raiz, sereno e forte.
Não há mal que não sare ou não conforte
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.
Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!
Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera... quebra-me o encanto!
ESPANCA, Florbela. Sonetos. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
"Em ti, dentro de ti, no teu regaço"... Verso significativo pois o Eu- lírico não está preocupado com o seu fim : Será um prêmio...Nos dizeres da Florbela "tão bom que deve ser o teu abraço". A morte é um tema que norteia não só este poema,outros inclusive. Há uma correlação muito grande com a questão do "buscar" um fim para as quetões complexas da vida...
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